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Poemas do livro:
A lâmina
Aos
poetas
O problema está na alma
lama.
O poema não é beleza.
É lâmina.
E, do recorte afiado
Sai meu desacato
Minha libertação efêmera.
E, das fotografias reais
Arquiteto belezas geniais.
Contudo
Todas vêm afins, assassinas e fêmeas.
Seja poesia
Seja poema.
//
O Desconstrutor
Não quero o riso fácil, cortês, ávido.
Muito menos a felicidade que espera o
tempo futuro.
Prefiro o acaso e o medo
Quero o incerto, é certo
O tracejo e o alho.
Vamos
temperar
Entrelaçar ânsias
Cozinhar
discordâncias
amenidades
Aromas e danças.
Fazer nossas manhãs mais profanas,
ácidas laranjas.
Sem precisar de quem aceita e
receita.
Pois, se chegas até aqui esperando
encontrar poemas
E temas belos, dignos de amores
simétricos
Encontrarás apenas o irrequieto José e
ereto.
Ou Guto, para os mais espertos.
E que sabem que vim para escrever o que
penso
E o que penso pode machucar.
Darei outra chance. Feche o livro
Procure Olavo, procure Dante.
Não penso em você neste verso e nem
adiante.
Não me incremento poeta, seta, para
novas frentes
Ideais e metas.
Mas, se eu negar, Deus me castigará.
Já fui personagem e escrevi para
grandes festas
Banhadas a vinho e palestrantes
pedantes.
Porém, agora, teço meu poema sem
precisar que me diga
Verbos adjetivados e elogios
semelhantes.
Não quero o riso fácil, cortês, certo.
Serei bem direto: de poeta, só tenho a
vontade
E não sou adepto à harmonia no verso.
Pertence à minha pele desconstruir sem
pedir licença.
Pois, mesmo que se faça ausência
Para você, não serei indireto.
//
Filho da puta
A
mim e aos outros
No Bando dos Filhos da Puta
Só tem filho da puta.
Reunidos, eles riem dos outros e falam
à vontade.
Não falta bebida, não falta farofa.
Calabresa tem de sobra, o assunto é
fofoca.
Os outros, fofocados, assunto focado
Dão cara a tapa para um dia baterem no
peito
E dizerem:
Sou do Bando dos Filhos da Puta.
//
Aos incomodados
Prefiro ser o incômodo
Que o cômodo.
Não tenho lugar no salão de festas
Prefiro ser o incômodo
Que o cômodo.
Não tenho lugar no salão de festas
E nos recitais
Cheios de astrais.
Todas as cadeiras são de quatro patas.
Tenho três e ainda uso espadas.
Do lado de fora
Vomito
Engasgando-me perto da parede.
Todas as cadeiras são de quatro patas.
Tenho três e ainda uso espadas.
Do lado de fora
Vomito
Engasgando-me perto da parede.
//
Floreios
Aos
grandes poetas e seus lindos poemas revolucionários
Escrever belos poemas é muito fácil
Quando enchemos os versos de flores
Que são colhidas no dicionário.
//
Condenado
Em nove de janeiro de 2012
Cá estou
Um cifrão negativo
E entorpecido.
Escrevendo um poema
Não por pena
Ou para pôr pena
Mas por falta de competência
Com outros afazeres dos competentes.
Fora do lugar
Não em qualquer lugar
Descompassado
Sem andar
Para frente ou para trás. Inerte.
Sonhando? Sonhando.
A poesia não salva o poeta dos que não
poetam.
A poesia salva a minha alma
Mas não a salva do banco, dos juros e
dos carmas avulsos.
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