domingo, 21 de junho de 2015

Para Tony



Fim de tarde caramelada
Para Tony

Num fim de tarde
que não tarda, arde
uma tristeza em febril firmeza
que não parece, mas sabe
paira em desarmas e entraves.
O sol desce sem alarde
como crônica sem mecânica
todo saudade e amor
armando seu caminho
para se pôr.
É sua forma de amar a descida
sem precisar flutuar.
Sol só precisa amarelar e
estrelar cheio de luz e vida.
O cachorro corre dum lado
pro outro, late.
Corre como se quisesse
alcançar a verdade.
Uiva, bate-se nos cactos
suspensos do jardim
extenso, intenso
em nós sem fim.
Reluz de sua pele marrom
cheirosa
uma luz neon
e acintosa
espalhando ritmo e som.
Ele vem ao meu lado
como se fosse falar algo
e entendesse cada passo
de meu cadafalso.
Mas não fala e não late.
Seus olhos são mel
dedicado e delicado.
Sentado, cão e educado
respirando e intacto
compassadamente
sem conspiração, ele fala
sem qualquer artimanha
ou máscara.
Sonoras notas solares
confluem beleza
o sol e meu ouvido percebem
a sua voz vermelha.
E, no fim da tarde caramelada
conversamos infindos.



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Muitas saudades do meu amado cachorro, Tony Jah.

 

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