Fim de tarde caramelada
Para
Tony
Num fim de tarde
que não tarda, arde
uma tristeza em febril
firmeza
que não parece, mas sabe
paira em desarmas e
entraves.
O sol desce sem alarde
como crônica sem mecânica
todo saudade e amor
armando seu caminho
para se pôr.
É sua forma de amar a
descida
sem precisar flutuar.
Sol só precisa amarelar e
estrelar cheio de luz e
vida.
O cachorro corre dum lado
pro outro, late.
Corre como se quisesse
alcançar a verdade.
Uiva, bate-se nos cactos
suspensos do jardim
extenso, intenso
em nós sem fim.
Reluz de sua pele marrom
cheirosa
uma luz neon
e acintosa
espalhando ritmo e som.
Ele vem ao meu lado
como se fosse falar algo
e entendesse cada passo
de meu cadafalso.
Mas não fala e não late.
Seus olhos são mel
dedicado e delicado.
Sentado, cão e educado
respirando e intacto
compassadamente
sem conspiração, ele fala
sem qualquer artimanha
ou máscara.
Sonoras notas solares
confluem beleza
o sol e meu ouvido
percebem
a sua voz vermelha.
E, no fim da tarde
caramelada
conversamos infindos.
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Muitas saudades do meu amado cachorro, Tony Jah.
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