Ser
Aos meus poemas floridos, também cultivo lírios.
Aos meus poemas floridos, também cultivo lírios.
O homem.
Homem, aquele sentado no azulejo.
Azulejo antigo, onde
rachaduras trazem as formigas comedoras de bostas do bairro e exalam um cheiro
que faz cagar mole.
O homem.
O homem.
Sujo de mijo.
Não o azulejo, o short que o
veste.
As mãos também.
Péssimo esse hábito de não
lavar as mãos.
De dizer tudo com a língua,
comer tudo como formiga.
Ele.
Ele.
O homem.
Grudado.
Guardado.
Aguardado?
Branco.
À tarde.
À beira de um temporal.
Acima do peso.
O homem em seus olhos
sonolentos.
Vermelhos e secos.
Cabeça vazia.
Com o coração batendo sórdido.
Faltam-lhe palavras.
Faltam-lhe palavras.
Sim, falta quem o ouça.
Quem pergunte?
Quem pergunte?
Quem saia de dentro do seu
ouvido: primeiro a língua depois a boca, depois os olhos contaminados de
ferocidade, depois os cabelos, os cabelos da vagina. PENTELHOS!!!
Vamos!
Vamos!
Saia deste ouvido cheio de
cera.
Diga algo que se coma e não
vomite.
O homem sem perguntas sobre ele.
O homem sem perguntas sobre ele.
Um falta, um espaço sem
identificação de qualquer preenchimento em tal espaço.
Ele.
Sem a imagem.
Só.
Convexo.
O peso não passa duma brisa em suas costas.
Mas há alguma corrente, uma qualquer ditadura, um feto um braço, uma trava em seu corpo
pescoço
inerte
O peso não passa duma brisa em suas costas.
Mas há alguma corrente, uma qualquer ditadura, um feto um braço, uma trava em seu corpo
pescoço
inerte
Em sua vida verte.
O homem e seus amores no reflexo do seu olho.
O homem e seus amores no reflexo do seu olho.
No reflexo formado pela luz
branda e sem sentido que adentra pela janela e que se diz vinda do sol.
No reflexo brilhante e maquinário do notebook.
No reflexo brilhante e maquinário do notebook.
O homem e seu triste olho,
mais sua pele odores, suas costas em dores, suas palavras em depurada amnésia.
O homem. O amém. O nem. O né. O Zé. O é...
Sendo.
O homem. O amém. O nem. O né. O Zé. O é...
Sendo.
Exercendo.
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