Livro de poemas que tive o prazer de escrever o prefácio e ser um dos primeiros a ler.
E tenho o prazer de afirmar que é o melhor livro que li em Teresina de poesias. Fora o livro "tá pronto, seu lobo?" do poeta Paulo Machado, o maior poeta que essa terra já criou. E para quem não conhece, breve publicarei poemas deste livro de Paulo Machado em meu blog, com o consentimento do poeta.
Mas vamos ao nosso querido João.
Para mim poesia é liberdade, originalidade e sentimento, então sintam:
Cavidades
Eu tenho uma cabeça redonda.
Eu tenho uma cabeça redonda e duas orelhas.
Eu tenho uma cabeça redonda duas orelhas e dois olhos.
Eu tenho uma cabeça redonda duas orelhas dois olhos e um nariz.
Eu tenho uma cabeça redonda e duas orelhas.
Eu tenho uma cabeça redonda duas orelhas e dois olhos.
Eu tenho uma cabeça redonda duas orelhas dois olhos e um nariz.
Eu tenho um cabeça redonda duas orelhas dois olhos um nariz
e uma boca.
Por isso eu penso e falo e creio subjetividades que são a matéria concreta [ [de minha cabeça com todas essas cavidades.
Tenho um corpo que teima em andar para o fim
e minha cabeça, cheia de subjetividade,
me faz eterno e infinito.
Esta louca subjetividade
Esta louca subjetividade
– podem pensar em suas cabeças –
é coisa de minha cabeça cheia de
cavidades que cheiram, que
vêem, que escutam, que falam.
Estas subjetividades são o que está incrustado nessas cavidades, que fazem minha cabeça seguir sobre esse corpo.
Eu tenho corpo e cabeça,
sorriso e vergonha.
Tenho preguiça na cara e fogo no corpo.
Sou uma concretude que vaga na subjetividade de um espaço concreto e asfáltico.
Tenho língua e educação,
corpo, prazer, pau e poesia.
Estas subjetividades são o que está incrustado nessas cavidades, que fazem minha cabeça seguir sobre esse corpo.
Eu tenho corpo e cabeça,
sorriso e vergonha.
Tenho preguiça na cara e fogo no corpo.
Sou uma concretude que vaga na subjetividade de um espaço concreto e asfáltico.
Tenho língua e educação,
corpo, prazer, pau e poesia.
Obscenidades poéticas no vago do espaço
que [ [
ocupa e subjetiva em delírio e contemplação a concretude do espaço
subjetivo que se espreita [[
entre os dentes do meio riso,
e aos poucos invade a solidez de outra
cabeça [[ [ que engana o corpo,
outro corpo com cabeça redonda duas orelhas [[ [ [ dois olhos um nariz e uma boca.
outro corpo com cabeça redonda duas orelhas [[ [ [ dois olhos um nariz e uma boca.
Corpo e cabeça cheia de cavidades que
me absorvem sem aperceber-se.
Corpo.
Corpo.
Corpo
cheio de cavidades prazerosas.
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Privacidade
O lugar mais seguro do mundo
é o banheiro.
Tanto faz ficar nu
– e eu gosto.
Vejo eu mesmo
e converso comigo
– eu preso no espelho.
é o banheiro.
Tanto faz ficar nu
– e eu gosto.
Vejo eu mesmo
e converso comigo
– eu preso no espelho.
– e aí, como vai a vida?*
– de boa. Descobri que vou morrer, mas ainda tenho um monte de coisas a fazer. Mais pelos outros que por mim mesmo. Isso é foda, eu dou minha estadia no mundo pelo próprio mundo e ele nem me dá bom dia.
O lugar mais sagrado do mundo
é o banheiro.
Pego no meu pau e nem parece escandaloso,
canto do meu jeito e ninguém reprova.
Meu lugar é o banheiro, e chega a ser eu mesmo
– limpo ou sujo, dependendo do amigo que visita.
Tenho estado de portas abertas para o mundo
e perco a linha da estabilidade todas às vezes
Talvez me digam inteligente perdido
ou
arauto embriagado de uma geração por um triz.
Já não tenho vergonha
e canto do meu jeito,
eu canto.
Meu mundo vai ao banheiro meio imundo que deixei.
O mundo que vocês não sabem
é o que eu profetizo no banheiro.
– dou conselhos maravilhosos ao mundo.
Meu banheiro às vezes cheira mal,
às vezes está digno de uma trepada,
com amor,
ainda que às pressas.
Queria todo o mundo cantando e dançando no banheiro,
Meu mundo vai ao banheiro meio imundo que deixei.
O mundo que vocês não sabem
é o que eu profetizo no banheiro.
– dou conselhos maravilhosos ao mundo.
Meu banheiro às vezes cheira mal,
às vezes está digno de uma trepada,
com amor,
ainda que às pressas.
Queria todo o mundo cantando e dançando no banheiro,
os burocratas bêbados
e o estudante poeta.
e o estudante poeta.
Todos desiludidos feito um disco de
Belchior.
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* cumprimento do cineasta teresinense Alan Sampaio.
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* cumprimento do cineasta teresinense Alan Sampaio.
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Sexo e solidão a três
Sob a luz do mesmo poste
– embacenta como todas as noites, com
lua ou sem
lua,
mais ou menos vida –
que estava a luzir aquela esquina já há
bastante tempo,
encontraram-se na mesma hora não marcada, mas sempre pontual, Doidinho, Celinha
e Lulu.
Um drogado.
Uma puta velha e viciada.
Um viado metido a besta.
Ao ver Doidinho, Celinha abre um
sorriso escrachado
e com um sonoro tapa na bunda, diz pra
Lulu:
– Hoje eu vou trepar e me chapar. Oh
coisa boa é fuder
doidona. Vem Doidinho, vem!
Lulu esgueira-se e de rabo-de-olho diz:
– Dar praquele ali... Meu cu nem treme!
Pau é pau, tudo igual, ficou duro eu
engulo, disse às
gargalhadas Celinha.
E fuma, lembrou-lhe Lulu.
A puta não se conteve e soltou:
– Me desculpa bicha, mas priquito é
priquito. Faz
milagres!
Ao cabo de meio baseado, Doidinho
enfiava a mão na bunda de Celinha, enquanto Lulu passava goma no baseado de
modo a lamber como se chupasse um pau. Doidinho olha e diz:
– Doido pra chupar um pau, né
Luluzinha? Luis Augusto!
– Vai tomar no cu fidirrapariga!
Eu vou, mas tu não vai, zomba-lhe
Doidinho.
Celinha pega o baseado e põe um peito
para fora do
decote.
Celinha.
Doidinho.
Noite.
Lulu e o poste.
Trepada na esquina.
Sexo e solidão a três.
Leia mais João Henrique Vieira no link:
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