Elis ama
Elis desligou a luz e abriu a gaveta do
armário da cozinha. Segurou o martelo de chumbo, que amassa a carne para ser
assada, e suspirou durante cinco segundos, até largá-lo. Depois puxou de vez a
faca nova de cortar carne, que ela havia comprado na semana passada, pois a
antiga ela jogou fora.
No quarto, rapidamente, botou a faca debaixo
da cama e se deitou, esperando seu marido Mário, que estava terminando o banho.
_Você vai dormir nu? – pergunta Elis.
_Sim, meu amor.
_É, meu bem, é bom mesmo, está muito quente.
Mário deita-se na cama, faz alguns carinhos
em sua esposa e se vira para dormir.
Rapidamente ele vai dormir, como sempre.
Pensa Elis, aguardando ansiosa que Mário durma.
Depois de trinta minutos Mário começa a dar
sinais de sono quase profundo. Elis, com o olhar estático, respira fundo.
Devagar, pega a faca escondida debaixo da cama, bem devagar, levanta a faca e,
já com os punhos fechados com força no cabo da faca, ela...
Mário levanta-se de vez e vai ao banheiro.
_O que houve, amor?
_Vou mijar – Mário, sonolento, responde.
Na volta do banheiro, no quarto, Mário abre a
gaveta do armário, veste um pijama bem antigo e que Elis adora, ele volta pra
cama, deita-se e rapidamente dorme.
Ele sabe que eu adoro esse pijama, nele fica
lindo. Ela pensa, e começa a olhar o seu marido. Pela sexta vez desiste de
matá-lo. Ela esconde novamente a faca debaixo da cama, encosta um pouco em
Mário e dorme.
Três horas depois, Mário levanta-se, vai ao
banheiro e volta com a antiga faca de cortar carnes, que ele falou para Elis
jogar fora e comprar uma nova. Mário deita-se bem devagar ao lado de Elis, com
a intenção de não acordar a esposa, e, com os punhos bem apertados, segurando
no cabo da faca, enfia com força e sem pudor nas costas de Elis a ponta
enferrujada da faca antiga.
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