Bar
Não serei político. Não
sou.
Não conheço muitas
pessoas.
O garçom não me conhece
e não dispensa os 10%.
O dono do bar não me
cumprimenta
E se lixa se não tem minha
bebida preferida.
Ele não sabe ganhar
dinheiro.
Ele não sabe ganhar
dinheiro em cima de mim.
Ele é puta de outro
sistema
Não precisa de um
cliente pária, como eu.
Isso não faz diferença.
Não faço diferença para
os corpos sentados e vibrantes.
As mesas vizinhas são
mesas ocupadas.
Nelas, os sentimentos
não mentem
Mas as vestes enganam.
Nelas, vozes sem
sentido.
Não faço parte da
cerveja
Nem parte do espaço vago
do copo de cerveja.
Essas mãos, essas
digitais, esse suor, essa sujeira na ponta do dedo que segura a nota de cinquenta,
essas unhas, esses cheiros e os pelos descoloridos, loiros, esses risos e
peitos abertos a todos, esse espaço, papo, dente, bafo, cigarro graves e
gritos, expulsam-me.
Não me votam.
Eu peço: não me votem.
Não sou o político dos
boêmios.
Não sou o sonho dos que
dormem.
No momento, escolho uma
bebida que não seja cerveja
Que caiba em meu bolso
E que, principalmente, embriague-me.
No momento, se pudesse
escolher, escolheria amor e sorrisos para mim e para ela, mas longe, fora, além
do vago do copo.
Além dos flashes e
passarela desse bar
Que inunda minha noite.
Eles nunca me
escolheriam como seu político.
_Quero uma vodca barata,
a mais barata, com sal e limão.
Digo ao bar man.
Quero um sorriso dela.
Penso sozinho e
desfilando até o banheiro.
Sem ser notado.
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