terça-feira, 17 de setembro de 2013

Poema belíssimo do poeta Rodrigo M Leite!

Poema belíssimo do poeta piauiense Rodrigo M Leite.
Sem palavras.....

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diário da viagem entre os municípios de 
Uruçuí – Piauí e Nova Iorque – Maranhão / Praia do Caju



árvores secas e sem folhas são vasos sanguíneos do sistema agreste, fossilizadas no ar quente não servem de sombra para o gado magro elegante / próximos a ponte sobre o intermitente Riacho Coroatá sem água, bodes realizam rituais – méééé, méééé - danças ma-cabras  sobre o asfalto enquanto os autos desviam furiosos e as crianças acenam encantadas / sinais de fumaça atravessam a palhoça com paredes de taipas ao pé do morro, brota do chãoácidovermelho labigós sujas de fogo, apressadas com mensagens de guerras – eternamente desconhecidas – para os escorpiões cintilantes / ponte-sobre-o-Riacho-Quati, Riacho Quati: uma poça d’água amarelada, espelho para visões e presságios eu-líricos: a substância líquida pura, argila manhosa da criação / temido homem regional, Billy João demarca o verso das placas solitárias da estrada vazia com iniciais de seu nome, espanta dessa forma os fantasmas que o perseguem, escreve um poema inédito / torrãochapado-no-cerrado, afronta abutres que campeiam em círculos, viciosos círculos em ruínas / cachorros-baleia abandonados 



no acostamento, cactos nem aí



sorvendo balas de café e veios de claridade excessiva, vão-se os animais esqueléticos as áridas visões a cultura sub-subsistente, entram imensas fazendas de grãos: a vasta vista do sem fim: ansiedade na região que mais cresce no país / quando o campo dobalino imaginado, reapareceu àquela margem: estio vazio / pastavam os bois que rarejavam, ...que rarejavam, introspectos na paisagem igual os homens em suas colhedeiras – raivosas máquinas vorazes / seres perdidos no horizonte profundo, felizes / seguíamos por uma estrada que não provocava dúvidas: era reta, repetida / grão grão grão céu cerrado grão grão grão céu cerrado grão grão grão céu cerrado / sons obsoletos de sedução pipocavam do toca-fitas empoeirado



áudio track: on the beach, neil young



Praia do Caju da fruta das águas dos sonhos doces, o Rio Parnaíba sem margens estabelecidas, o corpo sem pressa depositado no vai-mas-vem das ondas / repouso na jangada alheia (a embarcação delírio) uma moldura: cadentes, estrelas, salientes, o céu penetra nas águas, envoltos no breu noturno-profundo, homens embriagados névoa – gritos, pelados, despreocupados, pedidos realizados quando os riscos no alto vislumbrados / [...] a noite freme sem pressa [...] / criaturas fodem entre árvores, sombras, frutíferas, visagens / à margem de um mar de águas doces amanhecemos descampados de obrigações / não há sal em meu íntimo, apenas açúcar 

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Rodrigo M Leite (rodrigoemeleite@gmail.com)

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