sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Amo esse poema: BAR - Do livro "Desigual"

Bar

Não serei político. Não sou.
Não conheço muitas pessoas.
O garçom não me conhece e não dispensa os 10%.
O dono do bar não me cumprimenta
E se lixa se não tem minha bebida preferida.
Ele não sabe ganhar dinheiro.
Ele não sabe ganhar dinheiro em cima de mim.
Ele é puta de outro sistema
Não precisa de um cliente pária, como eu.
Isso não faz diferença.
Não faço diferença para os corpos sentados e vibrantes.
As mesas vizinhas são mesas ocupadas.
Nelas, os sentimentos não mentem
Mas as vestes enganam.
Nelas, vozes sem sentido.
Não faço parte da cerveja
Nem parte do espaço vago do copo de cerveja.
Essas mãos, essas digitais, esse suor, essa sujeira na ponta do dedo que segura a nota de cinquenta, essas unhas, esses cheiros e os pelos descoloridos, loiros, esses risos e peitos abertos a todos, esse espaço, papo, dente, bafo, cigarro graves e gritos, expulsam-me.
Não me votam.
Eu peço: não me votem.
Não sou o político dos boêmios.
Não sou o sonho dos que dormem.
No momento, escolho uma bebida que não seja cerveja
Que caiba em meu bolso
E que, principalmente, embriague-me.
No momento, se pudesse escolher, escolheria amor e sorrisos para mim e para ela, mas longe, fora, além do vago do copo.
Além dos flashes e passarela desse bar
Que inunda minha noite.
Eles nunca me escolheriam como seu político.
_Quero uma vodca barata, a mais barata, com sal e limão.
Digo ao bar man.
Quero um sorriso dela.
Penso sozinho e desfilando até o banheiro.

Sem ser notado.

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Leia mais poemas do livro "Desigual" no link:


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Conto do livro 'Imagine alguém te olhando do escuro'

O riso dos ratos

O gato trilhava pelo muro e ele espreitava com uma faca e a mangueira na mão. O gato avistou uma presa, ainda no muro. Com seus olhos noturnos, preparou o bote. Ele, com a mangueira, jogou água. O gato, distraído, caiu perto dele. A faca amolada só precisou de uma passada para cortar as costelas do gato. Os miados foram tão altos, que alguns vizinhos saíram de casa para ver o que era.
Uma vizinha diz:
_Mata logo o coitado.
_Primeiro: ele saiu correndo feito gatinha coitada. Segundo: vai cicatrizar. Disso, terei outra chance de cortá-lo mais corretamente. – ele, risonho, mas calmo, afirma. A vizinha não teve nenhuma reação.
Ele se gabava sempre: já cortei rabo de cachorro depois dele adulto. Arranquei olho de sapo. Fiz corte na pica de vira-lata pra ficar parecendo língua de cobra. Arranquei asa de passarinho. Afoguei alguns gatos que caíam na arapuca que aprontei aqui em casa. Eles caíam, eu os pegava e os afogava. Quando via que estava perto de matá-los, tirava da água, fazia um corte, sem precisão, em suas garras e os deixava ir, cambaleando. Já cortei rabo de rato, olhos de rato, pelo, couro também. Não acham que os ratos merecem? – perguntava sorrindo.
_Uma vez, um cachorro que eu estava capando no momento em que ele cruzava com uma cadela, me mordeu. Arranquei duas patas e os dentes de baixo de sua boca. Com a cadela, que ficou com a pica do cachorro em seu cu, amarrei ela com uma força que a fez sangrar. A deixei sangrar até estar perto de morrer. Aí eu confesso, senti um pouco de pena, então comprei bombas de São João, aquelas de cem, muito fortes, e fiz a cadela explodir. Tenho certeza que ela me agradeceu por esse ato.
Alguns vizinhos gostavam. Outros entendiam o seu prazer. Outros o odiavam. Outros o achavam louco. E mais outros e tantos outros achavam tudo isso normal e até poderiam fazer igual.
Uma noite em que ele assistia à TV em sua sala, um gato, sem parte de seu pelo, adentra o local. Ele, de costas para a porta e de frente para a TV, não vê. Entram quatro sapos. Dois sem uma das patas. Outros dois com o corpo inchado, como se tivessem experimentado sal na pele. Entram mais gatos, cada um com uma parte do corpo arrancada: patas, olhos, dentes, pelo, pênis, orelha etc. Entram cachorros, todos mutilados e silenciosos. Um desses cachorros, com o ânus ainda sangrando muito, como se tivesse sido penetrado por um cabo de vassoura, parecia o líder. Alguns ratos, que já esperavam os outros animais embaixo do sofá, contentes com o momento, fizeram barulho, sons de riso. Apesar de estarem mutilados, eles ainda riam. Ele se levantou.
_Esse som é de rato!
Quando olhou para trás, viu uma “multidão” de animais em sua sala: gatos, cachorros, ratos, pássaros, tartarugas, lagartos, etc. Antes que tivesse tempo para falar ou fazer alguma coisa...
A porta de sua casa foi fechada por duas tartarugas. Uma sem o casco, outra sem um pedaço do pescoço e menos uma pata. As janelas foram fechadas pelos pássaros. Muitos depenados e outros mutilados. E depois dessa noite, nunca mais se ouviu falar dele, nem de suas histórias.

E os ratos riam.  

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domingo, 25 de agosto de 2013

Eu vou - um dos meus poemas preferidos. Do livro "O outro lado do olho"

Eu Vou

Sou de todos os tipos
por dentro, esconderijo
por fora, acrílico.
Vivo defuntando vontade e desejo.
Eu almejo.
E peço do fundo da fila, tenho pica
sou maldita.

Sim
sou todo vivo e cisco
como de lixo
e de doenças morais, carnais e espirituais.
Sorrateiro, mastigo borboletas e roubo pêssegos alheios.

Sim
tenho todo o vício e pratico a beleza.
Sou pujança, um pedaço dentro fosco
outro pedaço fora frouxo.

Sou todo ofício
e escondo meu lado disforme.
Prefiro ver o seu lado podre e bosta.
Me tomaram a torpe
estou sem a antropofagia e sua vagina
me puseram a moral.

Sou de todas as formas
inclusive cara de pau.
Dentro e fora marola.
Fora e dentro amostra.

Meu dia são drogas e horas e voltas e portas e modas em mim
e as drogas são temperos e cafés com sal.

Sim.
Sou tudo fila ida vida
suburbano
e carros revoltosos vou.
Estou no futuro.
Acredite: o futuro é agora. Now.

Sou todo asfalto preto. O anão sem dedo. O baleiro zuadeiro. O maníaco sem dinheiro. O playboy maneiro. O romântico matreiro.

Assino a loucura e visto a clausura.
Por dentro, amargura, por fora, fissura.
Neste lugar, me pertenço e sou, vou muito mais como ser
estou.

Sou sim de todo os tipos
por dentro, morto
por fora, vivo.
Sou de toda agora
por fora, hora
por dentro, esmola.
Sou desconsolável
por dentro, afável
externo amora.
Estou desconfortável desconfiável
por dentro, rima aflora
por fora, métrica e retórica.
Sou junção
por fora, são
por dentro, não.
Sou de todos os beijos
por dentro, nódoa
por fora, cheiros.
Sou todas as ilhas
por dentro, ida
por fora, florida.
Sou todo não-conhecimento detento
por fora, cimento
por dentro, menta.
Sou todas as vestimentas
por dentro, molda
por fora, mora.
Sou a malagueta pimenta
por fora, cacho
por dentro, galho.
Sou de todos os tipos
por dentro, descontrolado
por fora, tato.
Estou à venda, é época de atacado
sou merenda
sou a fome, estou onde?
Estou José
não mais que Zé-Ninguém-Zé
sem um vintém
fuleiro e desdém.
Sou de todos os tipos:
hop hip, vixe, pop e fé
mesquinho e atrevido
ganancioso e ambíguo
pedinte e bandido
maciço e vidro
atrito e mestiço
certeza e descuido
miúdo e almeja
sorriso e bandido
vago e maléfico
cético e diabo
vil e motivo
cio e suicídio
vivo e ávido
ácido e manejo
assíduo e festejo
decadente e cópia
norma e estridente
sonho e pendente.

Sou de todos os tipos
Sou de todos os tipos
Sou de todos os tipos
Repetidos.

Sou vagalume
estou no cume e tenho vaga.
Sou uma parida vaca
afiado feito ávida faca.
Sou privada
limpa e organizada.
Sou ida e vinda.
Sou vinda e ida.
Sou de todas as formas
de todas as normas.
Sou marionete e assumo: Mate-me ou me leve.
Sou falante
e digo sem pensar, sigo a diante.
Andante.
Avante.
Sou orgia
sou sem exagero e com desejo.
E amigo & CIA.
Sou o passado.
Sou o retardado.
Estou farto
me levem para lá.
Ou não digam sobre lá.
Estou fardo em meu âmago manco.
Sou pântano
por dentro, lama
por fora, caranguejo.
Sou lampejo
por fora, fama
por dentro, receio.
Sou um tudo um.
Sou todo um todo.
Sou inércia
por fora, meta
por dentro, regra.
Sou partilha
por dentro, sinta
por fora, vida.
Sou vadio
por dentro, esperança
por fora, pujança.
Sou inveja
por fora, festa
por dentro, égua.
Sou luxo
por fora, mundo
por dentro, vulto.
Sou inquieto
por dentro, feto
por fora, sexo.
Sou reflexo
por dentro, perdido
por fora, abrigo.
Sou poeta
falo difícil(?)
lambo da loucura.
Anuncio ser tudo e todos sem cobrar.
Sim. Sou.
Eu Vou
do verbo ir
propagar que somos a mesma Poemia.

Continuo remanescente, apavoro a abundante vigência.
Mostro, provo e aprovo da hora-amora macia.



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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Trecho da história "De onde nascem os demônios?" do livro "Narrativas do horror cotidiano"

Trecho da história “De onde nascem os demônios?”

Nessa história, o personagem principal descobre-se em uma insana mudança de hábito, trocando o doce aroma das “maçãs” por uma súbita admiração pelos odores mais putrefatos que conhecemos. 
Nesse trecho abaixo, o personagem principal recebe uma visita, que ele já esperava, e se joga em uma experiência única, que talvez o leve a acordar dessa sua nova realidade.

Dim... dom... Alguém toca a campainha. Era nove da noite. Se não é a Mary, quem pode ser? – ele pergunta-se. Sem pestanejar, atendeu nu e daquele jeito. Uma merda humana satisfeita e iluminada. Eram quatro lixeiros e o mesmo caminhão de lixo que tinha visto no fim da tarde.
_É a sua vez de entrar no caminhão. Você merece – disse um dos lixeiros, o mais gordo, parecia o motorista, olhando firme em seus olhos. Ele nada diz, apenas sorri como um urubu deslumbrado em frente a uma carniça fresca. Nu, ele vai pela rua até o caminhão. Alguns vizinhos estavam na porta de casa e olhavam com olhares de reprovação. Ao passar pela casa do vizinho mais hipócrita e filho da puta da rua, segundo ele, parou e forçou mais uma cagada. Ele fez a cena gritando o nome do filho da puta:
_Paulo Emílio! Paulo Emílio! Venha ver o meu cu cagador.
Depois do ato, saiu desfilando como se estivesse chegando às portas do paraíso ao lado de Gisele. O gordo foi para a cabine. Os outros três passaram correndo pela rua e catando os lixos mais chiques da cidade.  Não precisou de que ninguém lhe ajudasse, jogou-se na boleia onde o lixo era processado. Era realmente o homem mais feliz do mundo. Que sensação é essa em meu coração? Perguntou-se em pensamento, com uma emoção nada discreta e espetacular nas batidas do seu coração. O caminhão deu a partida e os lixeiros vieram correndo atrás, jogando as sacas de lixo em cima dele. Ele abria os sacos e deliciava-se. Dessa vez, não teve pudor algum, comeu tudo que via pela frente. Era muito saboroso. Ele lambia-se e tinha gana nos olhos. Sorria tão feliz que faria o palhaço mais triste do mundo sorrir. Chorava de tanta felicidade. Qualquer pessoa que o visse naquele estado pularia para a boleia, para curtir essa “fortuna esplendorosa” e de grande extravagância. Os seus vizinhos, pessoas de suma importância para o mundo, balançavam a cabeça negativamente como bons cidadãos. Mas os lixeiros pularam em cima do caminhão e equilibraram-se. Ali ficaram fitando-o sem reprovar a atitude daquele cidadão contemplado.
_A gente poderia dizer que você é um marginal, escroto. Mas a gente entende bem de lixo e porcaria – disse um dos lixeiros para o felizardo.
_Cara, não me entenda mal. Mas você é um cara bem apessoado. Bonito. Por que é lixeiro? – com um sorriso avassalador, com muitos fiapos de lixo e restos entre seus dentes, ele pergunta.
_Você ainda não compreendeu que as pessoas bonitas são as que mais produzem lixo... – respondeu, afirmando com olhos de catador. Os outros dois lixeiros observavam calados. Enquanto ele, numa aspiração, estava deitado sobre o lixo, quase mergulhado, como se estivesse em um lago transparente de água doce. Comia alguns dos restos podres das comidas que ali estavam, não só as comidas, mas pedaços de plásticos temperados com odores inimagináveis, papéis higiênicos que já serviram aos cus mais secretos e bem nascidos, guardanapos que já limparam as bocas mais ricas, belas, importantes e corruptas desse mundo. Restos de esmaltes. Óleo velho. Comidas estragadas. Comidas esquecidas e estragadas. Roupas rasgadas e sujas. Camisinhas usadas. Pedaços de papéis com as mais escrotas confissões. Dois dedos, um feminino e um masculino. Pedaços de papel queimado, que antes já tiveram grandes composições. Pedaços de papel com catarro embrulhado. Cinzas. Merdas de cachorro. Merdas de gato. Merda de gente. Vômitos alcoólicos. Vômitos cancerígenos. Vômitos bulímicos. Chorume. Chorume. Chorume. Não faltava o líquido do lixo. Etc. O caminhão começou a processar o lixo, ele não se tocou e continuou a sua pujança sobre o quitute divino. Os lixeiros olhavam a cena e sorriam de canto de boca, eles olhavam como se ele estivesse em seu caixão, sendo velado. Mas ele não estava nem aí. Sorria olhando de volta para os lixeiros, sorria com tanto prazer que sua boca alongava-se parecendo um desenho de charge. E ele chamava-lhes:
_Venham! Tem espaço. Vamos comer do bom e do melhor. Sei que vocês entendem bem o que estou sentindo.
Os lixeiros caíram na gargalhada. Existia uma satisfação entre eles: ele, por estar envolto de um néctar mágico, e os lixeiros, por aguardarem com ansiedade que o caminhão processasse todo aquele lixo. Contudo, ele sentiu em seu pé um aperto. Era o processador puxando-o para o fim, como se fosse uma boca de algum carnívoro e de mesmo gosto que o dele. O aperto aumentou e puxou a sua canela. Nesse momento, o seu pé estava estraçalhado. Ele flutuava entre dor, pânico e prazer. O processador puxou suas pernas por inteiro. Depois seu tronco. Com seus braços, ele ainda puxava seu manjar para a boca, pulverizando-os. No momento em que ele estava quase todo triturado, processado e completamente entregue ao prazer pela chuva do líquido que se fazia no processamento dos lixos e que derramava em sua cara (o chorume), um efeito vibrante de amor puro, exclusivo, celebre e divino explodia em seu cérebro. Os lixeiros, que não paravam de olhá-lo, sorriam de forma histérica com a cena, como se ele fosse comediante de Stand Up fazendo graça na boleia.
                                          
O que será que acontece com o felizardo cheio de prazer?

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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Poema de TASSIANO SIMÕES - O objeto



O objeto

Estou pose poste
por trás do sorriso sou morte.
De mim só querem o melhor
o pior me deixem no lixo.
Dentro de mim um grande reboliço.
Estou farto e fico falso
me contradigo               saio correndo                quero energia
energia pra continuar a ser poste
e iluminar as esquinas
e iluminar as varandas
e iluminar meus olhos e minhas angústias.
O fraco de mim vive mais
forte de mim se mostra mais
e o forte está seco.
E o meu medo é continuar sem saber que som ouvir
ou que palavra seguir
ou que lado dormir.
Preciso dormir.
Não durmo mais
tenho andado sonha(n)do
e a vida passa, sem ir, de um lado
negro
do medo.
Enquanto faço de conta pra todos que sou luz
objeto que tristeza de outros reduz
me afundo em abstração.
Tento escapulir de mim e dessa dor
mas não consigo.
ME PERDOEM.
Me perdoem.
Sou sim vestígio e objeto
sou corpo vago vasto largado.
Me perdoem, pois se não, me poupem
Me deixem como estou e vou.



Tassiano Simões

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Tassiano Simões, poeta russo radicado na Bahia. 
Ele, há 31 anos, é morador da bela Barra do Itariri. 
Começou a escrever há apenas sete anos. E com os seus 56 anos de idade está reunindo poemas para publicar o primeiro livro. 



terça-feira, 20 de agosto de 2013

Entrevista com Pietro Leal, cantor da banda Pirigulino Babilake

Essa banda eu vi começando. E já recitei algumas vezes no palco em que eles se apresentavam. 
E um dos melhores recitais que fiz em minha vida, no Pelourinho, na Praça Tereza Batista, foi a convite da banda.
Aqui só tenho a dizer o quanto me sinto orgulhoso por também fazer parte da história da Pirigulino Babilake. 
Assim como, sem dúvida alguma, eles fizeram parte de minha história como poeta.
Meus sentimentos são de orgulho, gratidão e paixão pelo som deles...

Veja abaixo uma entrevista que fiz com Pietro, o Cantor da banda: 



Pietro, vamos começar falando da banda Pirigulino Babilake,
Me conte um pouco da história da banda, como e quando ela surgiu? 

A banda é composta por amigos de muitos anos. Nos conhecemos há quase 20 anos. A afinidade pessoal veio antes da habilidade com instrumentos. Fazemos questão de estar entre amigos. Na formação inicial éramos apenas 4: eu (Pietro Leal), Gugu Pinto, Guto Miranda e Ronie Menezes. Era só voz, violão e percussão. Com o tempo Ronie saiu e  fomos agregando mais instrumentos e mais amigos foram chamados pra participar. A banda hoje tem como formação eu (Pietro Leal) voz e violão; Guto Miranda na guitarra; Gugu Pinto na percussão e voz; Davi Brandão na guitarra; Rafael Menduyn na bateria e Tomaz Loureiro no contrabaixo.

E o que foi produzido até hoje nesse período de história de vocês? E como ela está inserida no cenário musical atual?  

As músicas e poesias foram surgindo junto com a vivencia e o amadurecimento do grupo. Surgem de inspirações vivas, sentimentos reais. Enquanto o mundo da música vinha caminhando numa velocidade cada vez maior, com EPs, singles, etc., nós passamos quase dois anos gravando e, em 2010, lançamos o albúm Rosa Fubá com 19 faixas. O nome veio de uma expressão que criamos numa brincadeira no início da banda e que servia pra definir o som que fazíamos. Rosa Fubá, além de trazer a essência nordestina, traz a sigla de algum dos ritmos que trabalhamos: rock, samba, funk e baião. 

E esse nome “Pirigulino Babilake”, significa o que? De onde veio?

Precisávamos de um nome que representasse não só a nossa sonoridade, mas também a forte influência da cultura nordestina no nosso trabalho. Nessa busca, descobri através de um colega de trabalho que me chamou pelo bendito nome: "Fala Pirigulino". A principio, não entendi, mas achei engraçado. Logo depois ele repetiu, já com o sobrenome e cartão de visita: "Pirigulino Babilake, o cara do Farol". Perguntei a ele de onde ele tinha tirado aquilo e ele me apresentou uma coletânea de Rock'n Roll 'made in Bahia' dos anos 90, onde havia uma música com esse nome. A música foi gravada pela banda Inkoma, na época liderada por Pitty. Mas o que havia chamado mesmo atenção era a sonoridade que, além de divertida, trazia algo de nordestino no nome, que mesclava algo como 'pirilampo' (como é chamado o vaga-lume no sertão) e Virgulino, nome do cangaceiro Lampião. Já era mais que o suficiente.

Que relevância a banda Pirigulino Babilake traz para o cenário musical atual?

A Pirigulino vem de uma geração mais híbrida da música baiana. Admiramos nomes como Ronei Jorge, Marcia Castro, Lucas Santana, Scambo, além das novas que surgiram com a gente como a Maglore, Quarteto de cinco, Velotroz e Suinga. Me empolga saber que fazemos parte dessa geração.

O último trabalho de vocês, Rosa Fubá, sentir uma musicalidade bem nordestina, baiana, com mistura de rock e groove, estou certo? Que mais influencias vocês procuram incrementar no som da banda?

A Pirigulino vem de uma geração mais híbrida da música baiana. Apesar de termos surgido no mercado alternativo, não somos uma banda de rock ou reggae. Tocamos e cantamos o que nos é confortável. Acho que nossa música carrega a essência de tudo que se produziu na Bahia nas últimas décadas, sem amarras nem estilos pré-definidos. Nossas influências são as mais variadas e tem como base tudo que escutamos em casa através de nossos pais. 

Como foi ter a participação do Galvão, compositor dos novos Baianos, nesse Álbum?

Foi a mais clara expressão da 'lei natural dos encontros'. Pouco depois de batizarmos a banda, um cidadão me disse: "Pirigulino Babilake é o Galvão dos Novos Baianos?" Fiquei encucado com a revelação. A música Pirigulino Babilake foi feita por um 'hippie' nos anos 80 onde ele caricaturava a figura de Galvão. Logo depois, descobri que entre Galvão e nós havia uma amiga em comum, a também cantora Sol. Ela nos levou ao encontro dele e daí em diante foi um banho de histórias e inspirações. O contato foi se estreitando e aos poucos o parceiro de prosa foi se tornando um amigo de poesia. Foi quando numa madrugada recebi um telefonema dele. Me disse que havia feito uma letra pra Pirigulino e queria eu musicasse. Alí mesmo ele começou a recitar. Era mais que uma poesia; era um desabafo sobre a realidade do atual mercado cultural e fonográfico. O resultado foi fantástico. Hoje somos parceiros de tantas outras canções.

Como é o processo de criação musical de vocês? 
E as letras, que são bem poéticas, como elas surgem para a banda até se tornarem uma musica?

Algumas canções já vem pronta, com letra e melodia. Outras vezes escrevo as poesias e apresento ao grupo. Não há um processo determinado, mas quando o grupo abraça a canção, ela ganha um pouco de cada um do grupo. Temos um cuidado grande em deixar que a canção nos diga qual o caminho. Como não somos uma banda de um estilo específico, nos deixamos levar pela essência da poesia, seja um rock ou uma bossa nova.

E a “Tiltcam Pirigulino”, como surgiu essa ideia? Onde os leitores do blog podem assistir aos programas?

A TiltCam foi uma sacada surgida entre tantas ferramentas desse mundo digital. A possibilidade de nos apresentar ao vivo para todo o mundo (sim ela é assistida até no Japão) nos deixou empolgados. Após dois anos nos apresentando quase todas as segundas-feiras, estamos passando por um momento de estudo dessa ferramenta. Quem quiser assistir as edições antigas podem acessar através do endereço www.pirigulinobabilake.com.br/tiltcam


Um Tiltcam do Pirigulino bem legal:


Que música(s) você indica do Pirigulino Babilake para os leitores do blog?
Onde os leitores do blog podem encontrar as músicas e mais notícias da banda Pirigulino Babilake?

Os leitores do blog podem conhecer mais do nosso trabalho no nosso site www.pirigulinobabilake.com.br ou através de nossas redes sociais (www.facebook.com/bandapirigulino). Nossa música mais nova, Quarto Crescente, está participando do Festival da Educadora FM e pode ser ouvida (e votada) através do site http://www.irdeb.ba.gov.br/festivaleducadora.

Obrigado pelo espaço e viva a música brasileira!

Obrigado a você Pietro, por essa educação e essa simpatia que só você tem!


Um vídeo deles que gosto muito:



Música linda!