terça-feira, 26 de novembro de 2013

Teresina - poema do livro 'Desigual'

Teresina

São entranhas as suas bocas
Mas não estranho seus muros.

Por dentro da minha casa
Planejo um futuro para ti
THE.

Por que é Teresina e não Teresinha?
Dou-me melhor com as mulheres

Que com as cidades.


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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O Amor - poema do livro 'O outro lado do olho'

Este poema foi feito em 2002 e é um dos mais antigos que tenho publicado.

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O Amor

O amor cego absoluto não ver, não enxerga
não enxerga absolutamente nada.
O amor surdo
(você pode sair gritando por aí que ama e ama e ama e ama)
ele não ouvirá.
Eu sei, pois sussurro, imploro, declamo, ele não me ouvi.
O amor não fala, não grita feito louco.
O amor não cala, não há boca
não há lábio
não há silêncio, nem sorriso
o amor não fala, é mudo, não miúdo ou imundo.
ele paira sob mantos e mundos.
O amor sem braços                                     abraços
o amor sem corpo
            cem corpos em grude                                             (o sexo é amor).
O amor está no outro e vem do outro como suor, grudando ao seu corpo.
O amor não se chama amor, não precisa de definições
é elemento vivo, sem nome
nem identidade.
O amor não chora
não tem olhos
o amor é cego.

O amor sente o amor
o amor sente por nós (?)
vamos deixar o amor nos sentir.


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http://issuu.com/joseaugustosampaio/docs/ooutroladodoolhoonline


Exposição 'Cantos da minha casa' - poema "É verdade"


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domingo, 17 de novembro de 2013

LITERATURA ESCANEADA - Meu mestre ..... CHARLES BUKOWSKI

Pegando uma licença nada poética, mas com todo respeito que tenho por um dos escritores que mais me influenciaram e ainda influencia, trago escaneado um poema dele, de seu livro "O AMOR É UM CÃO DOS DIABOS".  

Nesse poema, CHARLES libera, como faz em todo texto seu, seja em prosa ou poesia, toda sua liberdade literária e mostra todo humor negro de sua poesia e arte:






sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Floreios - poema do livro 'Desigual'

Floreios
Aos grandes poetas e seus lindos poemas revolucionários

Escrever belos poemas é muito fácil
Quando enchemos os versos de flores
Que são colhidas no dicionário.


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Veja mias poemas do livro:


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Seja bem-vinda

Esse poema faz hoje 11 anos. 
Está no meu primeiro livro, O outro lado do olho. 
E ainda hoje, repito, Seja bem-vinda.
Mas hoje digo isso à vida que se renova todos os dias 
em seu ineditismo único e batizante.

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Seja bem-vinda

Eu não estou atrás da invenção do amor perfeito.
Eu já fiz a construção do castelo do Egito.
Tenho toda a areia das praias para caminhar
Tenho um mar de saudade só para lembrar o que eu não quero inventar
Já está construído.

Basta você entrar.
Estou de porta aberta.

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sábado, 9 de novembro de 2013

Mulher de corpo ausente

Mulher de corpo ausente

Mulher de calcanhar branco e de vidro
De voz tola
De lábios surrados falsos
De olhos foscos
De corpo gordo
Que fingi ser magro
Mas quando nu, é gordo e caído.
De pele branca e cheias de sinais
Como se quisesse avisar a todos sobre sua condição amoral.
Mulher de corpo ausente
Me pergunto, se de alguém você gosta, além de seu umbigo?
Você ama mesmo seus filhos?
Chego a duvidar, pois tenho certeza que não ama seu marido
Ele é apenas a sua garantia de futuro garantido.
Mulher de corpo ausente és falsa, é um marte
Dos pérfidos e inventados martírios.

Mulher de corpo ausente
Dê graças a Deus que ainda exista gente
Que acredita em sua conversa insuficiente.

Já que é covarde e fugida
Tome esse poema de presente.


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O derradeiro - Conto do livro 'Afetos, abismos & engenharias'

O derradeiro

No canto mais escuro, no local mais vazio do bar, com copos de cerveja pela metade e brigando contra a quentura para não esquentarem, existiam Franco e Luís.
Franco pedia a confiança do amigo mais uma vez:
_Você só tem que grudar o recado em mim. Faz o serviço completo. Os equipamentos necessários e as fitas estarão na bolsa. No final, você leva a bolsa. Deixei uma boa quantia na sua conta. Isso sem falar na nossa amizade. Posso confiar?
Visivelmente, um breve silêncio ecoa. Luís conjectura. Franco espera. Os dois olham-se nos olhos.
_Você sabe que pode confiar em mim. Onde está o recado? – indagou Luís.
Franco procurou no bolso da camisa de botão. Nada. Levantou-se, procurou nos bolsos da calça, e nada. Agoniado e suando, lembrou que tinha enrolado e guardado na carteira o bendito recado. Abriu a carteira com um riso no rosto e deu para o amigo um pedaço de papel com linhas escritas à mão.
_É um poema? perguntou, retoricamente, Luís.
_O derradeiro – assegurou Franco. Ele estava sentado com um riso celestial encravado ao rosto, como regra, e erguia o copo de cerveja com sua mão direta, como se fosse convidar o amigo para um brinde.
No outro dia, à tarde, Franco colocou em uma bolsa: uma pá, uma enxada, copos descartáveis, uma garrafa de água mineral, uma fita adesiva e um frasco de plástico. Trancou sua casa. Janelas, cadeados e portas. Antes de sair pela porta da frente, não sentiu saudade do que deixava.
Pela rua, andarilho, caminhou para o local que escolheu há cinco meses. O local era um matagal na beira do rio.
Franco olhou para o rio. Tinha certeza que o rio refletiria pela última vez seu olhar. Nele, ele banhou e brincou quando criança e jovem. Quando adulto, muito da vida acinzentou. Ficaram sem graça as águas vivas e doces, sobrou a nostalgia em sua memória.
Franco, certeiro, onde tinha planejado, começou a cavar. Quando atingiu a profundidade de três palmos, parou. Deixou a pá e a enxada dentro da bolsa. Pegou um dos copos descartáveis de plástico e a garrafa de água. Pegou o frasco plástico. Encheu o copo d’água e abriu o frasco. Dentro tinham pílulas de diversas cores. Com satisfação e calma, bebeu um copo d’água com as pílulas coloridas, como o arco-íris, em sua língua. Engoliu sem muito esforço. Caminhou até o buraco e deitou-se na terra fria e marrom. Ficou observando os raios amarelados do sol. Observou o céu. Ouviu com mais atenção alguns pássaros cantarem. Ainda é possível ouvir pássaros cantarem nestes tempos. Radiante, pensou. Ainda consciente, cantarolou algumas palavras: Eu vou indo, meu bem. Enquanto o sol não nascer, não voltarei, meu bem. O sol não vai nascer... ; durante esse momento seus lábios escarneciam.
No horário combinado, Luís chegou ao local. Viu o amigo deitado. Sua pele já não tinha mais vida. Seus lábios gracejavam.
Luís, sem perder tempo, foi até a bolsa, procurou e achou a fita adesiva. Desceu até o buraco e colou na camisa do falecido amigo o recado que recebeu um dia antes no bar. Luís saiu do buraco e, com pressa, começou a enterrar o amigo.
Enquanto a terra era jogada por Luís sobre a cova rasa, no corpo frio e suicida de Franco, no recado, o poema derradeiro e suas palavras escritas a punho flutuavam.

Na alma residem afetos, abismos & engenharias.
Porém, descobri que não é a vida que rege a alma
A alma, como um motor, rege a vida.
A culpa pertence a quem espera pela morte.

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Leia o e-book miniatura do livro aqui:
http://issuu.com/joseaugustosampaio/docs/ebookminiaturaafetosabismosengenhar


domingo, 3 de novembro de 2013

Exposição "Cantos da minha casa" - Os cachorros

Poema escrito na época em que foi lançado o livro 'Desigual', mas ficou de fora da seleção do livro. Com isso, este é um poema, até então, inédito.



A oração do escritor - do livro 'Desigual'

A oração do escritor

O escritor está só e sem aval de ninguém.
Porém, livre e saturno
Liberta-se e escreve sobre o que bem entender em suas Orações.


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sábado, 2 de novembro de 2013

Olá, meu caro. - 2000/2010 'Três poemas do livro de João Henrique Vieira'

Os três primeiros poemas do livro de João Henrique Vieira, "Olá, meu caro".

Livro de poemas que tive o prazer de escrever o prefácio e ser um dos primeiros a ler.

E tenho o prazer de afirmar que é o melhor livro que li em Teresina de poesias. Fora o livro "tá pronto, seu lobo?" do poeta Paulo Machado, o maior poeta que essa terra já criou. E para quem não conhece, breve publicarei poemas deste livro de Paulo Machado em meu blog, com o consentimento do poeta.

Mas vamos ao nosso querido João.
Para mim poesia é liberdade, originalidade e sentimento, então sintam:






Cavidades


Eu tenho uma cabeça redonda.
Eu tenho uma cabeça redonda e duas orelhas.
Eu tenho uma cabeça redonda duas orelhas e dois 
olhos.
Eu tenho uma cabeça redonda duas orelhas
 dois olhos e um nariz.
Eu tenho um cabeça redonda duas orelhas dois olhos um nariz e uma boca.

Por isso eu penso e falo e creio subjetividades que são a matéria concreta 
[                                                                                 [de minha cabeça com todas essas cavidades.

Tenho um corpo que teima em andar para o fim
e minha cabeça, cheia de subjetividade,
me faz eterno e infinito.
Esta louca subjetividade
– podem pensar em suas cabeças – 
é coisa de minha cabeça cheia de cavidades que cheiram, que vêem, que escutam, que falam.

Estas subjetividades são o que está incrustado 
nessas cavidades, que fazem minha cabeça seguir sobre esse corpo.

Eu tenho corpo e cabeça,
sorriso e vergonha.
Tenho preguiça na cara e fogo no corpo.
Sou uma concretude que vaga na subjetividade de um espaço concreto e asfáltico.
Tenho língua e educação,
corpo, prazer, pau e poesia.

Obscenidades poéticas no vago do espaço que  [                [        ocupa e subjetiva em delírio e contemplação a concretude do espaço subjetivo que se espreita [[                               
entre os dentes do meio riso,
e aos poucos invade a solidez de outra cabeça [[   [                                        que engana o corpo,
outro corpo com cabeça redonda duas orelhas
[[  [ [                           dois olhos um nariz e uma boca.

Corpo e cabeça cheia de cavidades que me absorvem sem aperceber-se.
Corpo.
Corpo
cheio de cavidades prazerosas.


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Privacidade


O lugar mais seguro do mundo
é o banheiro.
Tanto faz ficar nu
– e eu gosto.

Vejo eu mesmo
e converso comigo
– eu preso no espelho.

– e aí, como vai a vida?*

– de boa. Descobri que vou morrer, mas ainda tenho um monte de coisas a fazer. Mais pelos outros que por mim mesmo. Isso é foda, eu dou minha estadia no mundo pelo próprio mundo e ele nem me dá bom dia.

O lugar mais sagrado do mundo
é o banheiro.
Pego no meu pau e nem parece escandaloso,
canto do meu jeito e ninguém reprova.

Meu lugar é o banheiro, e chega a ser eu mesmo
– limpo ou sujo, dependendo do amigo que visita.

Tenho estado de portas abertas para o mundo
e perco a linha da estabilidade todas às vezes

Talvez me digam inteligente perdido
ou
arauto embriagado de uma geração por um triz.

Já não tenho vergonha
e canto do meu jeito,
eu canto.

Meu mundo vai ao banheiro meio imundo que 
deixei.
O mundo que vocês não sabem
é o que eu profetizo no banheiro.

– dou conselhos maravilhosos ao mundo.

Meu banheiro às vezes cheira mal,
às vezes está digno de uma trepada,
com amor,
ainda que às pressas.

Queria todo o mundo cantando e dançando no 
banheiro,
os burocratas bêbados
e o estudante poeta.
Todos desiludidos feito um disco de Belchior.
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*
cumprimento do cineasta teresinense Alan Sampaio.


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 Sexo e solidão a três


Sob a luz do mesmo poste
– embacenta como todas as noites, com lua ou sem lua,
mais ou menos vida –
que estava a luzir aquela esquina já há bastante tempo, encontraram-se na mesma hora não marcada, mas sempre pontual, Doidinho, Celinha e Lulu.

Um drogado.
Uma puta velha e viciada.
Um viado metido a besta.

Ao ver Doidinho, Celinha abre um sorriso escrachado
e com um sonoro tapa na bunda, diz pra Lulu:

– Hoje eu vou trepar e me chapar. Oh coisa boa é fuder doidona. Vem Doidinho, vem!

Lulu esgueira-se e de rabo-de-olho diz:
– Dar praquele ali... Meu cu nem treme!

Pau é pau, tudo igual, ficou duro eu engulo, disse às gargalhadas Celinha.
E fuma, lembrou-lhe Lulu.

A puta não se conteve e soltou:
– Me desculpa bicha, mas priquito é priquito. Faz milagres!

Ao cabo de meio baseado, Doidinho enfiava a mão na bunda de Celinha, enquanto Lulu passava goma no baseado de modo a lamber como se chupasse um pau. Doidinho olha e diz:

– Doido pra chupar um pau, né Luluzinha? Luis Augusto!
– Vai tomar no cu fidirrapariga!
Eu vou, mas tu não vai, zomba-lhe Doidinho.

Celinha pega o baseado e põe um peito para fora do decote.

Celinha.
Doidinho.
Noite.
Lulu e o poste.
Trepada na esquina.

Sexo e solidão a três.



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