terça-feira, 30 de julho de 2013

Um lindo filme "Um sonho de liberdade"



Hoje, de novo, assistir esse filme  e novamente chorei. Fiquei muito emocionado com a história. 
O filme é Baseado na novela "Rita Hayworth and Shawshank Redemption", do mestre Stephen King.

A direção é de Frank Darabont, que já dirigiu outros filmes baseados em contos, novelas e romances do King.

Vale a pena assistir quem não assistiu e quem assistiu, reveja que te fará bem.

Veja o Trailer abaixo:



segunda-feira, 29 de julho de 2013

'Vida rotineira' - poema do livro 'O outro lado do olho'

Vida rotineira

Assistindo ao Jornal Nacional e imaginando como o Bonner
Fode
a Fátima.
Na Fátima!

Vendo minha esposa comer a fome num apetitoso e cheiroso
cachorro quente.

Enquanto entanto
estando
sentado
de regime
como lástima.

A novela começa:
Baby para lá.                                                           
Bode para cá
E Dinheiro que é bom não cai do céu.

Enquanto alguns podem, eu nem mel.



//////////////




Leia o livro 'O outro lado do olho" aqui:

Roxo Profundo na minha segunda!

Deep Purple - Child in Time 1970


AUMENTA O SOM!



 



sexta-feira, 26 de julho de 2013

Documentário sobre um dos meus mestres: o escritor e poeta Charles Bukowski



Já li mais de dez livros dele e ainda lerei os outros tantos que ele tiver.
Assim como Carlos Drummond de Andrade, Charles é um dos meus guias literários.
Um mestre quando a ideia é ser autêntico.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Leia um trecho da história “A cama perfumada”, do livro “Narrativas do horror cotidiano”


Nessa história “A cama perfumada”, os patrões Ângelus e Margarida trazem a adolescente Rosa do seu interior para trabalhar como doméstica na cidade grande. Mas o envolvimento dos três sai do campo profissional e entra em uma redoma de comportamentos predatórios e sádicos.
O trecho abaixo narra onde já estava chegando uma parte desse triângulo: a relação entre o Ângelus e Rosinha.  


Um ano e meio depois da chegada de Rosa, sua relação com Margarida ora intensificava e ora tranquilizava, mas não mudava muito. Já o amor entre ela e seu patrão acontecia todos os dias. Ângelus, apesar da idade, tinha fôlego de um adolescente de dezessete anos. Com o passar dos dias, ele, sempre estranho, mudava cada vez mais a forma de transar e gravar as cenas. Virou febre fazer esses vídeos caseiros.
_Eu quero o novo, cansei do igual – ele queixava-se e inventava um novo quadro para filmar. Rosa, que o amava, mesmo se incomodando um pouquinho com algumas das novas ideias de Ângelus, sempre compartilhava. Essas experiências faziam parte do que ela escolheu. E Ângelus continuava inovando: amarrava e enfiava nela, de forma estúpida, sua pica, e objetos estranhos eram penetrados em via dupla. Rosa machucava-se toda, mas o amor curava. Quando ele não a amarrava com cordas, eram com cipós, cintos. Quando não estava mais tão ereto, eram vibradores, pepinos, velas consideravelmente grossas, garrafas plásticas e vazias de água mineral, etc. Tudo com interesse em vê-la sendo deflorada e gemendo.  Quando ele queria sentir mais poder, amordaçava-lhe de um jeito que a fazia perder o ar, e a comia dessa forma. Ela gritava de dor, com o pau de Ângelus em seu cu e uma garrafa ks de Coca em sua boceta. Sem citar a máscara, que se tornou quesito obrigatório no sexo dos amantes. Isso o deixava loucamente excitado. Tão excitado, que Ângelus começou a comprar vários tipos de máscaras diferentes para usarem nas gravações. As máscaras eram das mais engraçadas, como de celebridades e ex-presidentes, até as mais assustadoras como a do It (A Coisa ou o Palhaço Assassino, de S. King) e de animais com feições assassinas e perturbadoras. Rosa tinha um pouco de orgulho disso, apesar de seu incômodo, porque tinha certeza que Margarida não o satisfazia como ela. E ela o amava, mesmo sendo tudo documentado. O sexo preferido de Ângelus com Rosa era amarrá-la de cabeça para baixo, com as pernas abertas em um ângulo que facilitasse a penetração pela vagina ou pelo cu, ou ambos, e ainda saísse bem na tela. E os gostos mais estranhos de Ângelus eram dois, tinha um pouco de escatologia e necrofilia. Na hora da necrofilia, Ângelus pedia que Rosa deitasse de bruços por cima de um cobertor, que cobria uma camada de cubos de gelo, que estava em um caixote, e que parecia mais um caixão. E, pelas costas, ele praticava a sua sodomia filmada, no corpo imóvel e gelado da menina. Rosa, que ficava morrendo de frio, nada falava, nem gemia.
_Não gema e não abra os olhos, não fale nada, fique como se fosse uma morta – ele ordenava.
E quando Ângelus envolvia escatologia, era nojento no ponto de vista de qualquer pessoa, menos no dele e, pelo visto, no de Rosa, porque disso ela também gostou, apesar de estranhar a ideia. Mas um dia ele pediu:
_Rosinha, amanhã fique o dia todo sem cagar. No final da tarde, estarei em casa e eu te explicarei por que.
Nesse fim de tarde, com os dois nus na sala, Ângelus explica:
_Olhe, menina! Ficarei aqui deitado e com a câmera ligada. Bote a sua máscara e venha dali – ele aponta para a porta do quarto dela e continua. – Chegue por cima de mim, se acocore de costas para o meu rosto e, em cima dos meus peitos, cague. Ela achou muito estranho, mas o fez. E ele filmou o cu da garota cagando. E, depois, masturbou-se, com ela observando-o, vendo o vídeo na TV da sala. Rosa, depois de algumas práticas como essa, até passou a gostar e acompanhar o seu amante nessas fantasias. Ângelus também passou a cagar em cima dela e deixar o seu cu ser filmado, para depois trepar com Rosa vendo o vídeo. Talvez ela já tivesse a pré-disposição para tal ação, por isso tanto entrosamento. O curioso nisso é que ele nunca filmava o rosto de Rosa. Apesar de tudo, ela o amava. Tinha dias que ele, de madrugada, quando Margarida estava naquele sono roncador, aparecia no quarto de Rosa e, com ela, fazia amor de forma comum. Sem a câmera.
                                                                                                                                                           

 Leia o livro no link abaixo:


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Poema de Tassiano Simões - Aos Cristãos

Aos Cristãos


A preferência era minha 
e de meu 1.0 preto de 2009.
Mas um cidadão invadiu, cruzando a rua
em um Siena prateado
e saber o ano do carro 
dessa hiena é desnecessário.

Ele parou em minha frente e me olhou
cheio de sermão em seus olhos.
Parei para olhá-lo.
Ele tinha na cara um ar de dono da rua 
e olhar de desacato.
Um petulante, daqueles que usam terço 
e Deus como aparatos.
No fundo do seu carro tinha escrito “Jesus, o filho do meu Amado”.

Mais a frente ele parou em mão dupla
pensei: seu filho da puta!
E passei por ele, quase bati.
O cidadão bem vestido e de barba feita
sem se incomodar, de mim começou a rir.
Esse cristão é mais um exemplar filho de Deus e irmão de Jesus Cristo.
É mais uma imagem e semelhança de Jeová.

Tassiano Simões



terça-feira, 23 de julho de 2013

Poesia do livro "poemas d’A CIDADE FRITA" de Rodrigo MLeite

Está aí um poeta que há pouco conheci e muito já admiro:



////////
fotografia

as bachianas que escapam do balé de Teresina
misturadas ao som de coisas mortas e ao gosto de acontecimentos inexistentes
integram-se à paisagem da praça numa tarde de terça-feira
num raro passeio
o olhar vagueia no silêncio das formas esquecidas
tudo é novidade e desencontro
o azul não é leve nem produz carinho
o contorno torto e opaco
o vermelho está morto!
o amarelo? esbranquiçado, adoecido
os bancos desabitados
ensimesmados
e o coração do homem que passa sozinho,
nublado

Rodrigo MLeite 


/////

Para quem gosta de poesia com uma boa prosa, como eu sou fã, vale a pena conferir o blog dele:
http://atmosferacerrado.blogspot.com.br/


Filme de Terror bom é que não tem final feliz e dá sustos!

Esse filme me tirou calafrios...
Para quem gosta de levar sustos e uma boa história de horror!



Assista ao trailer e depois alugue na locadora mais próxima:


Boa sorte!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Insônia - poema do livro 'O outro lado do olho'

Insônia

É madrugada de segunda-feira.
As casas estão apagadas.
Os shoppings estão acordados em seus seguranças.
Nas casas, uns fazem amor, outros dormem de um lado 
Do lado oposto dormem outros. 
E eu aqui sentindo sufoco                   sufoco.

Alguém aperta meu pescoço
Quero ir sonhar, dormir.

/////////////
Link para ler o livro online:




Imagem da capa do livro:

sábado, 20 de julho de 2013

Entrevista com Cavalcante Veras do 'Guardia Nova'

Veja abaixo a entrevista com Cavalcante Veras do “Guardia Nova”!




Me fale um pouco sobre esse trabalho “Guardia Nova”? Porque esse nome? De onde surgiu a ideia de fazer esse álbum? E quem é a “Guardia Nova”?

A Guardia é um projeto dentre outros tantos projetos lançados a cada momento mundo afora, uma reunião dessas cabeças compositoras, que me foram apresentadas por Hugo Trincado durante a gravação dos EP da Trinco, outro projeto, desembocando em mais composição e logo mais vontade de mostrar material. Guardia Nova é o sobrenome de um amigo com quem dividi casa, um uruguaio de muitas letras, gosto do som, acho que a poesia da pessoa contaminou o nome, quando gravávamos o EP Quando Chegar, lembrei dele e propus. Depois do Trincado as coisas se desenvolveram mais com o Jan Pablo que é o motor dos projetos gravados, mas com os toques essenciais multi- instrumentais de Dmitri Petit.

Que relevância musical esse álbum traz para a música?
Pra nossa música, é muito relevante, é o plasmar de uma fase, de uma época em que Jan e eu completamos os pensamentos um do outro musicalmente, coisa a que o tempo se atreve e desgasta, por isso celebramos isso agora com esse álbum.  Mas, se você quiser uma ideia vasta relacionando esses sons com as cenas que temos hoje, preciso de mais tempo, somos muito influenciados pelos compositores de nosso tempo, mas não sei se o que a gente faz, toma parte relevante em alguma cena.

                                                    (Um clipe deles que gosto demais)

Senti uma modernidade na produção e musicalidade do álbum, isso veio de onde? A intenção era essa?
Provavelmente pelas inserções eletrônicas com que Jan constrói as músicas, que também não é novo, o novo nesse trabalho tá nessas exatas-pessoas-muito-específicas misturando seus materiais intencionalmente com esse fim estético.

Que música você indica para os leitores do meu blog do “Guardia Nova”?
Sou bem diferente de meus comparsas Guto, sou um admirador inveterado das composições de amor, vivo tentando cantar essas confusões das formas que consigo, por isso quando ouço, ouço e indico ‘Sem Saída’, uma canção de amor que fizemos pra um moreno nosso chamado Leo Freire

(Ouça a música aqui nesse link)

Vamos falar um pouco de você, Joniel Veras ou Cavalcante Veras?
Tenho muitos nomes, depende da posição. Joniel Veras e Cavalcante Veras e Veras e Joni e João e Jasper e Indiano e nego e preto, etc.

Compor ou cantar?
Compor e cantar, mais compor que cantar.

Veras você compõe, canta, escreve poemas, é artista plástico, o que falta, atuar?
Falta atuar né, rs, na verdade o que vocês não sabem é que sou um grande dançarino contemporâneo, mas isso é arte pra outro momento.
Onde o leitor do blog pode encontrar mais notícias do “Guardia Nova”?
Control cê, control vê




Obrigado....Veras!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Poema da poeta baiana e amiga Iana Motta, do seu livro de estreia "Pinta Feminina"



Essa poeta eu vi nascer....não da mãe...mas nos seus primeiros versos....

Essa poeta, muito me orgulha também, porque em breve vai lançar seu primeiro livro de poemas pela editora "Publique Já!"...editora que criei e coordeno..

Eis abaixo um poema de Iana Motta, uma poeta que não cansa de incluir uma original-arte-contemporânea, sentimentos e verdades em seus versos....  

////
Delícias


-Um a vadia…
Entrega feito louca
-Em cama ou capacho?
Volúpia! Pernas que viram os olhos de quem consome. Antro desolado, imundo!
O calor que persegue a nuca,
-Lânguida língua…
-Sutil o teu corpo; frio
-Isto é uma saia…
O vento é forte.
-Vadia, linda!
Amordaçada pelo desejo. Sucumbe a alegria de conhecer Amélias,
-Queridas Amélias!
O cheiro que fascina,
A lua faz despir, a  fonte que não seca,
O prazer que inunda,
A boca que não cala.
-Primata!
Sussurros.
Carne, mais que tudo,
-Sangue!
Vermelhas maçãs…
-Quente seu busto

Decote aberto. Lábios.

////


terça-feira, 16 de julho de 2013

Poema do poeta Teresinense, D`Gáudio Procópio



ÁSPIDES E VERMES
Falsos amigos, oh amigos falsos!
Que aos risos nos surpreendem
Encantam-nos com as palavras
Remetem-nos ao cinismo. Impar.
Falsos amigos, amigos falsos,
Prometem o que não possuem:
Dignidade e complacência, caras,
Faces e bocas enganosas, torpes!
Mostram seus dentes qual a cães,
Mordem o rabo para não perder:
O vício traiçoeiro de cão a gato,
Roubam e vendem a alma. Têm?
Falsos que só despem e vestem...
Desnudam almas e corpos, vis!
Vendem ao diabo e gritam ao sol.
Aos vermes e bestas feras. Ratos!
Rastejam seus corpos em luxúrias,
Carruagem em vis metais: HILUX,
MITSUBSHI, E SANDEIRO. Pô!
Vestem brancas roupas e longas!
Ocultam almas negras e atitudes!
Envergonham a ética e a honradez.
E para quê? Enganar ao diabo, pois sim?
À Deus não será, ao diabo muito pior,
A si próprio talvez. Quem sabe a quem?...
D`Gáudio Procópio


////

A poesia diz tudo por si só.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

sábado, 13 de julho de 2013

A maior banda de rock da minha vida!

Em homenagem ao dia mundial do rock!

Só faz isso quem sabe...

Temperado - conto do livro "Imagine alguém te olhando do escuro"

Essa é umas das histórias que mais gosto do meu primeiro livro de contos:

////////////

Temperado

Desde criança ele era visto pelos outros com olhos diferentes. Quando jovem, descobriu sua aptidão para os serviços de casa. Assim, sempre ajudava sua tia. Ele morava com ela, a sua tia amada. Por causa da condição financeira deles, que era muito baixa, ele começou a trabalhar como profissional do lar na casa do vizinho. As pessoas comentavam:
 _Uma empregada homem!?
Fazia parte da vida dele ser comentado por todos e por tudo. Uns achavam que era gay, talvez pelo seu cabelo comprido, outros achavam que era garoto de programa, ou otário, louco, travesti, amostrado, sapatão, “você não está vendo os músculos? Mas cadê os seios?”, outros achavam que era viado mesmo, e outros o viam como um ninguém.
Enfim, ele começou a ganhar fama por causa do seu trabalho muito bem feito. Então, conseguiu mais alguns clientes. Depois de algum tempo, já ganhando razoavelmente bem, saiu da casa de sua tia e foi morar sozinho. Todo domingo ele ia visitá-la, pois tinha muito amor e gratidão por ela.
Ele chegava a pegar duas casas por dia e trabalhava seis dias por semana. Sempre reservando o domingo para ir ver a sua amada e idolatrada tia. No bairro onde morava, todos o conheciam e, mesmo quem falava mal dele, queria seus serviços de ‘empregada’. A procura era tanta que ele começou a agendar seus dias de serviço. Algumas casas ficavam esperando ansiosas durante dois meses pelo seu trabalho. Mas, mesmo com tanta fama e tanta dedicação com as casas dos outros, ele ainda era comentado. Era só dar as costas e ir caminhando como se estivesse indo para o céu, que as pessoas não perdoavam:
_Nunca o vi com mulheres.
_Também nunca o vi com homens.
_Será que ele pega aquela velha da tia dele?
Ele, depois de quase dois anos de muito trabalho para os outros, e sempre todos os domingos, na hora certa, indo ver sua tia, ele decidiu usar saia.
_Vou usar saia porque é mais fresco. Lavar chão, fazer comida, lavar privada, recolher lixo e limpar todos os cantos sujos de poeira das casas alheias, num sol de 40 graus, não é fácil! Ou seja, quem quiser meus serviços vai ter que me ver de saia.
Para ele, aumentou o trabalho e o alívio diante do calor. Para os outros, aumentou a espera pelo seu trabalho perfeito de casa e os comentários:
_Ele é louco.
_Bicha.
_Pra mim, é um sádico.
_Artista.
_Uma verdadeira puta.
_Ninguém.
Qual é o segredo?
Ele mostra: Todo dia chegar 10 minutos antes da hora marcada para começar o serviço. Esperar a hora certa para tocar a companhia, ou bater na porta. Lavar os pratos de ontem. Preparar os ovos mexidos do patrão, ou patroa. Discretamente, escarrar e cuspir nas gemas. Depois batê-las. Ouvir seu patrão ou patroa, ou os dois elogiarem: _Ficou ótimo! Você botou aquele tempero mágico de novo, não foi?! Às 9 horas da manhã, arrumar toda a sala. Pegar todos os cabelos espalhados no chão, das cabeças dos outros. Limpar todos os móveis, etc.
Agora, são 11 da manhã, enquanto o patrão assiste ao treino livre da Fórmula I e a patroa está no salão, ele vai até o banheiro, levanta a saia até a cintura, e se masturba. Volta à cozinha e, com a mão suja, prepara a salada. Enxugando e escorrendo todo o suor do corpo em cima das panelas, coçando o cu de vez em quando, suando o nariz e dando mais escarros em cima do feijão, ele prepara o almoço. Todos dizem:
_Muito bom!

Ele pensa: então, esperem o momento do jantar, filhos da puta.    

///////////////////

Capa do online do livro e link para você ler ele...


sexta-feira, 12 de julho de 2013

Ouça "Todos os santos" primeiro EP de Hugo Trincado e veja uma entrevista feita com o artista

Quando perguntei ao Hugo Trincado como eu poderia apresentar o trabalho da banda Trincado em meu blog, ele me enviou esse texto:

Grupo musical que reside em Teresina-Pi e navega o mundo saltando em melodia e sopro, ferindo o tempo mantendo o olho nu. 
Gente de moleira quente e coração pegando fogo.
Se estiveres lendo, já é parte. Notaste a energia em movimento? 
Boa viagem...
TRINCADO  

E o seu EP de estreia realmente é uma viagem de ritmos e boas composições. Na primeira vez que ouvir, gostei. Não poderia ser diferente, há mais de seis anos que conheço o Hugo e sempre gostei de sua arte. 
Agora convido meus leitores para conhecer essa viagem musical de qualidade inquestionável. 
Para quem gosta de música boa, vale a pena clicar no link abaixo e conhecer o trabalho "Todos os santos" do Trincado. 
E se você quiser saber mais sobre esse trabalho, basta ler a entrevista que fiz com Hugo em primeiro mão para o blog...   


LINK PARA O EP "TODOS OS SANTOS"






ENTREVISTA COM HUGO TRINCADO:

- Hugo, de onde vem a palavra “Trincado”? É a sua banda, seu nome artístico, ou nome do seu primeiro trabalho?
Trincado foi a forma que encontrei de demonstrar minha fragilidade quanto artista. Fazia parte do grupo Trinco e quando o grupo resolveu parar, me senti bem frágil. Depositei muita energia na trinco e mais uma vez notei que abrindo portas, driblamos o tempo. A trinco me ajudou a perceber isso, e com a paralisação do projeto eu tive que me refazer, reavaliar meu jeito de lidar com a música e revisitar cicatrizes pra entender meus atuais ferimentos.
Gravei um EP usando o nome Trincado, mas hoje depois de banda formada e realizando shows, o grupo agora se chama Trincado e a Solução.


- Qual a relevância musical e, ou social, que o seu primeiro trabalho “Todos os santos” traz?

Não me sinto capaz de avaliar a relevância do disco pros outros, mas foi um alívio gravar e jogar essas cantigas no mundo, algumas são bem antigas e outras foram sentidas como conforto, aquela mínima tranquilidade que te faz continuar depois de muita labuta.


- Ouvindo o LP “Todos os santos” sentir uma pegada bastante pop-regional. Esse tom regional vem de suas influências nordestinas, ou de um regionalismo que abrange todo o Brasil, ou se limita às suas influencias piauienses e maranhenses?

Hoje mesmo estava com um amigo e ele cantarolou uns versos de roda de capoeira, ouvindo-o cantar fiquei pensando como são incríveis as cantigas de roda nordestina, a influencia africana, a facilidade verdadeira de se ritmar. O nordestino criou um jeito seu de falar o português lusitano, uma forma bem musical, as rimas são fáceis e fortes. Passei minha infância no maranhão sempre ouvindo as batidas do candomblé e nas festas juninas os tambores de bumba meu boi, quando vim pra Teresina não foi diferente.


- Senti também uma pegada de rock, que influências musicais norteiam a sua música e composição?

Acho que todo trabalho que fiz até hoje tem muito do rock, de guitarra porque talvez seja o estilo que mais ouço e mais identifico na música feita no mundo, adoro guitarra, efeitos de pedais pra guitarra, gosto da acidez do rock e adoro o peso e a verdade dos tambores e vozes dos rituais tradicionais.


- Qual a música do LP que você destaca para meus leitores do blog? E porque essa música?

Gosto muito de Magia Ubajara, foi uma música que me veio meio a mata em uma serra na cidade de Ubajara-CE. Ela veio toda pronta já com a ideia de ser um reggae com batida de bumba meu boi, um presente, veio toda feita pro meu pensamento, letra, melodia, arranjo...só dias depois quando voltei pra Teresina eu passei pro violão, foi mágico.



////

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Leia a crônica "Noturna" de Vanessa Teodoro Trajano


Vanessa Teodoro Trajano,
a conheci no dia 13 de junho de 2012 no lançamento do meu livro "Desigual", por coincidência, obra divina ou macabra, ela estava lá do meu lado, também divulgando o livro de contos dela "Mulheres Incomuns".
Depois disso, não demorou muito para eu conhecer melhor o trabalho dela e me convencer de que aquela morena cheia de riso, brilho e beleza, tinha muito mais a oferecer. 
Ela é uma Incomum. Uma escritora Incomum, uma amiga Incomum, uma poeta e mulher Incomum. 
Aproveitem seu texto abaixo e sintam a sinceridade da escritora, o que a torna melhor e diferente de outros e outras escritoras que fazem tipo até na hora de escrever...  


NOTURNA
A mesa estava farta de gente; eu há muito já me embriagava, e no meio de tantos cortejos, um certo orgulho com um misto de raiva se disparou em mim, e me detive a silenciar um pouco: estava faltando algo, como sempre faltava. Até porque se não faltasse eu não beberia tanto.
Vazio. Havia acabado de descobrir: um ex-amor, comprou uma casa num bairro afastado para quem sabe dividir morada com sua nova mulher, que claro não sou eu. E por isso bebi. Mais uma vez; reinventando e renovando o mesmo motivo de sempre, a dor infinita que se comprometeu a nunca me deixar em paz.
Fora isso eu estava exausta: procurando entender porque quem eu queria que estivesse ali não chegava a momento algum, e não iria chegar – ele não tinha a menor vontade de me ver. Reconsiderei: reciprocidade será algo impossível?
Foi aí que um outro ele chegou. Os olhos grandes chegaram primeiro, os olhos que espetam a alma, sem nenhum receio de parecerem invasores. Talvez ele quisesse isso mesmo: me vasculhar, me desnudar, e outras maneiras de dar o que eu faria-o receber sem que me desse conta.
Sofri.
Algo me escapuliu das entranhas. Uma vontade urgente de ser descoberta por ele, cada detalhe... Devaneei por naquele momento pensar que ele se tratasse de algum salvador meu, aquele que iria destravar todas as dores. Tudo é tão ingênuo numa mulher que se divide entre a fragilidade e o poder de ser mulher, que não se pode nem apurar!
Escolhi dizer as aflições a um só tempo: cada palavra vomitava sem organização alguma, apenas brotavam com o fulgor do instantâneo, jorrando tudo como se há muito quisesse aquilo, e decerto ele percebeu o meu desespero. Óbvio, eles sempre percebem. Eles sempre fazem nota do que sentimos, por mais que não entendam. Mas ele, em especial, entendia. Estava escancarado naquele olhar que por si só já eram duas fendas enormes no meio da face, derramadas sobre as bolsas de sono e vida que se acumularam com o tempo. Não que fosse velho, ele tinha a alma velha. E eu não acostumo nunca a conversar com almas muito jovens: elas enfadam, e são afoitas demais para a minha paciência. Tudo o que eu passei até hoje teve um preço, e ele se resume em selecionar as pessoas do meu convívio, temperando-as a tal ponto que eu me condeno a ficar só, por desastre do destino.
Desculpe-me o leitor se eu lhe parecer patética. A vida quando dói muito nos dá uns solavancos de tristeza súbita e inesperada e ela só pode vir sob a forma de uma pieguice, daquelas mais banais que todos condenam, mas sempre um dia ao menos uma vez se entregam. É o desapego da hipocrisia que a contemporaneidade e todos os tempos modernos já nos ensinaram. Ainda bem que somos humanos e por mais que queiram nos degolar com instituições e outras penosidades, nós sempre teimamos em algum momento em berrar - Nem que seja sob a sutileza de uma pieguice.
E não sei se por embriaguez, mas eu ia ficando mais desnuda do que pareço ser, e ele me amedrontava com perguntas que apesar de doerem firmes eu gostava, com o sabor de quem se arrebate no sado.
Não; ele não se aproveitava do meu estado, dava pra ver a criatura boa que era, e talvez quisesse descobrir o conflito tão agrilhoado em cada gole meu, um brinde a cada coisa por mim merecida.
Fui seduzida. Não por uma conversa interessada exatamente na conquista, mas sim pelo intuito de me conhecer. Tão seguro de si! Creio que ele se conhece bem para se interessar em bisbilhotar uma alma tão enviesada como a minha, que só chama olhares por curiosidade, nada que se prolongue por muito tempo. É que a gente tem que apurar nossa sensibilidade para perceber esse tipo de aproximação e não cair no abandono logo, após o outro se satisfazer, como um urubu esgueirado sem paz nenhuma.
Mas ele não.
Reconheci a sinceridade. E ela era tão bela que me vi a desejar: um beijo, um abraço, um afeto. Todos eles noturnos, nada que vingassem numa posteridade. Há muito não vinha eu a doar meus lábios a ninguém. Ele seria meu premiado.
Se quisesse...
Estava cansada de tanta gente passando, tanto barulho, tanta conversa que voltava pro mesmo nada. Estava cansada de qualquer coisa que não fosse ele. E fomos embora, juntos, mantendo o mesmo ritmo de conversa. A conversa que não freiou em instante algum, a conversa que não pediu um beijo.
Eu pedi.
Em silêncio.
Entrei em casa com a mesma sensação que mantive o tempo todo no bar: a da falta de não saber o que faz falta. Saudade indecifrável de tudo o que não acontece. A ansiedade abundante de vida que não se cumpre. O desejo arremessado contra o medo. Tudo isto e os meus bons sonhos por fim.
Vanessa Teodoro Trajano



QUER LER MAIS A VANESSA? CLICA NO LINK DO BLOG DELA: