quinta-feira, 4 de julho de 2013

Meu primeiro livro de poemas - O outro lado do olho, publicado em 10/2010

LINK onde você pode encontrar meu primeiro livro online:



Poemas do livro:

Casal

Eu, inseguro, pergunto a ela:
_Você me ama?
_Para te aguentar, eu tenho que te amar.
_Sei que sou pesado.
_Em todos os sentidos.
_Escrevi um poema para você.

Ela lê e diz:
_Hum... Não gostei.
_É que você não entende o meu humor.
_Deve ser porque ele é só seu.

Dou uma longa risada e digo:
_Te amo.

E, no cheiro dela, me perco novamente.  

//
Seus olhos

Você tem olhos diamante
De amante

Dinamite

TNT
Te
Te
T
            TesãO
Quero te Ter.

//
A sua periquita

O mundo não cabe em meus olhos, mas a sua periquita cabe até voando.

//

Tudo azul

 Eu sou inconstante.
Hoje eu amo o branco
Amanhã eu amo o preto
Depois amo o branco e o preto.
E fica tudo azul.

//
lágrima nua

lágrima nua, lágrima lua, noite e sonhos
madrugada fora de tom
noite, gozo em tua  ...        a madrugada nua
lua.


//
Estado de Espírito

Quando a fumaça toca na água
a água não toca
ultrapassa.

//
O conservador

O conservador conversa no banheiro
mija sem pegar no pau
dita o erro
aplaude o certo
chega no horário
usa gravata combinando
odeia amoral
o cinto, amarra-o
o cinto está acima do umbigo
em casa não se ouve um gemido
ovo mexido do lado direito do prato
arroz à grega do lado esquerdo do prato
abaixo, ocupando outro espaço,
a salada.
O prato forma um gráfico.

O conservador conserva a fila certa no banco
conserva a burocracia
conserva o seu cargo de última importância?
O conservador em conservas não erra
conserva a norma culta da língua.
O conservador dá risada de quem diz ocêê.
O conservador também diz ocêê?
Em casa, à noite, ele trepa sem meter.

línguavaginacudedo

O conservador mostra o regulamento da cidade
para todos
viverem bem e sem medo.
É preciso conservar o conservador
quando o conservador morrer
é preciso empalhá-lo, passar verniz e fazê-lo totem.
O conservador reza, tem pressa
ele segura em sua mão um terço
na outra mão, ele segura um garfo
e na outra mão, ele segura um copo.
O conservador não revela o que há no copo
é segredo.
O conservador tem três braços
ele é sobre-humano.
O conservador divaga: A moral.
Eu divago: Cara de Pau Brasil.

//
Insônia

É madrugada de segunda-feira.
As casas estão apagadas.
Os shoppings estão acordados em seus seguranças.
Nas casas, uns fazem amor, outros dormem de um lado, do lado oposto dormem outros. E eu aqui sentindo sufoco                   sufoco.
Alguém aperta meu pescoço, quero ir sonhar, dormir. 

//
Liberdade                           

  Liberdade       Libertina
 poesIa
sem                 Burocracia
               E      &
                Regras
                De mim
                  Aja asas
                           Dentro de mim
             fui às    trEvas, sou outro
é outra era.

//
O sol

Só há eu e o mar.
Sem palavras, sem versos, só em tentativas.
Só há eu aqui                                   eu e o mar.
Não tem você, não tem ela
não tem passado, nem areia, nem sal.
Só há eu aqui                                   eu e o mar
só há eu e o mar.

Há também o sol
mas esse eu não consigo ver
meus olhos doem. 

//
Poema curto

Como todo bom poema meu
Que ninguém gosta de ler
Por ser longo
Sem sentido
E dúbio
Sou preguiça
E deleite
Sou irônico
E muitos.
Não concorde comigo
Também não faço isso.
Mas, se concorda,
Vamos ambíguos
Vestígios.
Já meus poemas curtos
São todos absurdos
E furtos
Frutos de mim
E você.

//
O alicerce

No alicerce emocionado e choroso, vou-me metaforizando
sem conseguir pensar, me forçando a ser.
A fábrica está no Zero, mas nunca no menos.
A vida é fabricada a ponto de ser igual, me fabricando a ser.

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